Questões UNESP meio do ano 2011


Questão 57
Analise o texto político, que apresenta uma visão muito próxima
de importantes reflexões do filósofo italiano Maquiavel,
um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política
são práticas distintas.
“A política arruína o caráter”, disse Otto von Bismarck
(1815-1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para quem
mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam
o mundo ao reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças
árabes foram colocados e mantidos no poder por nações
que se enxergam como faróis da democracia e dos direitos
humanos: Estados Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável?
Os ditadores eram a única esperança do Ocidente
de continuar tendo acesso ao petróleo árabe e de manter um
mínimo de informação sobre as organizações terroristas islâmicas.
Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais extraordinário
diplomata americano
do século passado, George
Kennan, morto aos 101 anos em 2005: “As sociedades não vivem
para conduzir sua política externa: seria mais exato dizer
que elas conduzem sua política externa para viver”.
(Veja, 02.03.2011. Adaptado.)
A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel pode ser
feita, pois o filósofo
(A) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de governo,
sendo simpático à repressão militar sobre populações
civis.
(B) foi um dos teóricos da democracia liberal, demonstrando-se
avesso a qualquer tipo de manifestação de autoritarismo
por parte dos governantes.
(C) foi um dos teóricos do socialismo científico, respaldando
as ideias de Marx e Engels.
(D) foi um pensador escolástico que preconizou a moralidade
cristã como base da vida política.
(E) refletiu sobre a política através de aspectos prioritariamente
pragmáticos.

Questão 58
Em 40 anos, nunca vi alguém se curar com a força do pensamento.
Para mim, se Maomé não for à montanha, a montanha
vir a Maomé é tão improvável quanto o Everest aparecer na
janela da minha casa. A fé nas propriedades curativas da assim
chamada energia mental tem raízes seculares. Quantos
católicos foram canonizados porque lhes foi atribuído o poder
espiritual de curar cegueiras, paraplegias, hanseníase e
até esterilidade feminina? Quantos pastores evangélicos convencem
milhões de fiéis a pagar-lhes os dízimos ao realizar
façanhas semelhantes diante das câmeras de TV? Por que a
energia emanada do pensamento positivo serve apenas para
curar doenças, jamais para fazer um carro andar dez metros
ou um avião levantar voo sem combustível? No passado, a
hanseníase foi considerada apanágio dos ímpios; a tuberculose,
consequência da vida desregrada; a AIDS, maldição
divina para castigar os promíscuos. Coube à ciência demonstrar
que duas bactérias e um vírus indiferentes às virtudes dos
hospedeiros eram os agentes etiológicos dessas enfermidades.
Acreditar na força milagrosa do pensamento pode servir ao
sonho humano de dominar a morte. Mas, atribuir a ela tal
poder é um desrespeito aos doentes graves e à memória dos
que já se foram.
(Drauzio Varella. Folha de S.Paulo, 09.06.2007. Adaptado.)
O pensamento do autor, sob o ponto de vista filosófico, pode
ser corretamente caracterizado como
(A) compatível com os pressupostos mecanicistas e cartesianos
da ciência.
(B) uma visão para a qual a fé na força milagrosa do pensamento
apresenta a propriedade de curar doenças.
(C) uma visão holística, de acordo com a qual a mobilização
das energias mentais pode influenciar positivamente organismos
enfermos e possibilitar a restituição da saúde.
(D) uma visão cética no que se refere ao progresso da ciência.
(E) compatível com concepções teológicas emitidas por líderes
religiosos católicos e evangélicos.
Questão 59
Num mundo onde cresce sem parar a compulsão para obrigar
as pessoas a levar uma vida “correta” no maior número
possível das atividades que formam o seu dia a dia, a mesa
tornou-se uma das áreas que mais atraem a atenção dos gendarmes
empenhados em arbitrar o que é realmente bom para
você. É uma provação permanente. Médicos, nutricionistas,
personal trainers, editores e editoras de revistas dedicadas à
forma física, ambientalistas, militantes da produção orgânica,
burocratas, chefs de cozinha, críticos de restaurantes e mais
uma multidão de diletantes prontos a dar testemunho expedem
decretos cada vez mais frequentes, e cada vez mais severos,
sobre os deveres do cidadão na hora de comer. O fato é que
toda essa gente, quase sempre com as melhores intenções,
acabou construindo um crescente sistema de ansiedade em
torno do pão nosso de cada dia – e o resultado é que o prazer
de comer bem vai sendo substituído pela obrigação de comer
certo. Modelos, atrizes e outras pessoas que precisam pesar
pouco para fazer sucesso chegam aos 30 anos de idade, ou
mais, praticamente sem ter feito uma única refeição decente
na vida. Propõe-se, como virtude alimentar, um mundo sombrio
de pastas, mingaus, poções, soros de proteína e sabe-se
lá o que ainda vem pela frente. Não está claro o que se ganha
em toda essa história. A perspectiva de morrer, um dia, no
peso ideal?
(J. R. Guzzo. Veja, 09.06.2010. Adaptado.)
Sob o ponto de vista filosófico, podemos afirmar que, para o
autor,
(A) é positiva a adoção de procedimentos científicos no campo
nutricional.
(B) o tema da qualidade de vida deve ser enfocado sob critérios
morais.
(C) os padrões hegemônicos vigentes na sociedade atual no
campo da nutrição são elogiáveis.
(D) a felicidade depende do número de calorias ingeridas pelo
ser humano.
(E) a autonomia individual deveria ser o critério para definir
os parâmetros de uma vida adequada.
Questão 60
Analise o trecho da entrevista dada pelo chefe de imprensa do
governo do Irã a um jornal brasileiro.
Folha – Há preocupação quanto a uma mudança de posição
do governo brasileiro, sobretudo na área de direitos humanos,
depois que a presidente Dilma se manifestou contrariamente
ao apedrejamento de Sakineh?
Ali Akbar Javanfekr – Encontrei poucas informações sobre a
realidade iraniana aqui no Brasil. Há notícias distorcidas e
falsas. Isso é preocupante. Minha presença aqui é para tentar
divulgar as informações corretas. No caso de Sakineh, informações
que chegaram à presidente Dilma Rousseff não foram
corretas.
Folha – A presidente Dilma está mal informada?
Ali Akbar Javanfekr – Sim. Foi mal informada sobre esse caso.
Folha – É verdade, como diz o presidente Ahmadinejad, que
não há gays no Irã?
Ali Akbar Javanfekr – Não temos.
Folha – É o único país do mundo que não tem gay?
Ali Akbar Javanfekr – Na República Islâmica do Irã, não há.
Folha – Se houver, há punições?
Ali Akbar Javanfekr – Nossa visão sobre esse tema é diferente
da de vocês. É um ato feio, que nenhuma das religiões divinas
aceita. Temos a responsabilidade humana, até divina, de não
aceitar esse tipo de comportamento. Existe uma ameaça sobre
a saúde da humanidade. A Aids, por exemplo. Uma das raízes
é esse tipo de relacionamento.
(Folha de S.Paulo, 14.03.2011. Adaptado.)
Sob o ponto de vista ético, as opiniões expressas no trecho da
entrevista podem ser caracterizadas como
(A) uma visão de mundo fortemente influenciada pelas matrizes
liberais do pensamento filosófico.
(B) uma posição convencionalmente associada ao pensamento
politicamente correto.
(C) uma visão de mundo fortemente influenciada pelo fundamentalismo
religioso.
(D) opiniões que expressam afinidade com o imperativo categórico
kantiano.
(E) posições condizentes com a valorização da consciência
individual autônoma.


Dica:Leia com atenção toda a questão, grife a solicitação principal da questão.Se você está em dúvida sobre esse filósofo busque, através das postagens anteriores no blog a biografia e leia com atenção, não se esqueça, rapidez não é sinônimo de perfeição.Anule as repostas impossíveis e analise com calma as prováveis.Boa sorte!

Gabarito:



 57 - E
58 - A
59 - E
60 - C



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